Para mães divertidas, seguras, criativas, cheias de atitudes, atletas, donas de si, firmes, corretas e também para as mães que, como eu, não são tanto, mas são boas, intencionalmente boas mães.

sábado, 14 de novembro de 2015

Ninguém sabe de onde a bala vem.


Novembro começou ruim. Com o pé esquerdo, chinela emborcada e punho da rede torcido.

Quando vemos gente criticando gente até pela reza que faz, sabemos que a coisa não vai bem. Se uns rezam por Paris, outros por Messejana, por Mariana e outros ainda pela filha Ana, é assim que deve ser. O problema é que temos muito pelo que rezar. É muita desgraça e a reza se espalha.

Ontem me deu vontade de fazer tudo o que os especialistas em educação NÃO recomendam.  Tive vontade de superproteger, de cantar as cantigas populares da forma politicamente correta na qual ninguém atira o pau no gato.
O caçador não mataria o lobo e este nem seria tão mau assim. Na verdade, só estava com fome.
A madrasta da Cinderela a levaria para o baile e ficaria orgulhosa em vê-la dançando com o príncipe.
Tudo assim certinho.
Criar um mundo bolha, com árvores nos canteiros centrais das ruas e Praça Portugal para trocar figurinhas do álbum da copa. Copa organizada por uma entidade a qual pudéssemos aplaudir e aberta com um discurso da presidente que não teria motivos para ser vaiada.

Eita mundinho bom esse que criei enquanto meu menino dormia em meu colo e a televisão mostrava Brasil e Argentina e as noticias de Paris.

Nós somos intransigentes até quando queremos fazer o bem e a coisa que julgamos certa. Somos péssimos em promover o aleitamento materno e o parto vaginal por que queimamos em praça pública aqueles que não os praticam.

Dá vontade de dar Mc Donalds pros meus filhos só para afrontar o olhar julgador de ódio de mães que advogam uma alimentação saudável. Eu também valorizo uma alimentação saudável mas não fico olhando para o prato alheio a menos que me peçam opinião.

Na quarta-feira Fortaleza apagou. Vários bairros ficaram sem energia por pouco mais de uma hora. Eu fiquei presa em um trânsito infernal tentando ir ao centro da cidade. Mas continuei minha saga com paciência até ser agredida verbalmente por um rapaz. Conto mais um episódio de intolerância e cegueira absoluta dos que pregam a coisa certa: Eu estava na rua Costa Barros tentando cruzar a avenida Barão de Studart, tarefa nada fácil quando os sinais estão apagados. Fui devagar tentando achar uma brecha para passar com segurança. Nessa empreitada, meu carro ocupou metade da faixa de pedestres. O rapaz que vinha na calçada e queria atravessar a rua começou a gritar comigo reclamando que eu havia desrespeitado a faixa. Abri o vidro e disso: Calma, desculpe, é uma situação especial, olhe, o sinal está apagado, estou tentando passar. O rapaz nem olhou o sinal e disse em alto e bom tom: A senhora está ERRADA! E EU, como vou atravessar?

O rapaz de vinte e poucos anos que muito provavelmente tem ideias legais, que tenta fazer a coisa certa e não fura fila ou suborna o policial é INTOLERANTE. A sua retidão de conduta não o deixa olhar para os lados. E aí, resta pouca esperança.
Vamos combinar uma coisa nestes dias tristes? Cada um reza a reza que quiser.
Uma vida perdida para o absurdo vale uma reza, vale mil rezas. Não importa onde a morte ocorreu.

Tolerância, cadê tu?

Nenhum comentário:

Postar um comentário