Novembro
começou ruim. Com o pé esquerdo, chinela emborcada e punho da rede torcido.
Quando
vemos gente criticando gente até pela reza que faz, sabemos que a coisa não vai
bem. Se uns rezam por Paris, outros por Messejana, por Mariana e outros
ainda pela filha Ana, é assim que deve
ser. O problema é que temos muito pelo que rezar. É muita desgraça e a reza se espalha.
Ontem
me deu vontade de fazer tudo o que os especialistas em educação NÃO
recomendam. Tive vontade de
superproteger, de cantar as cantigas populares da forma politicamente correta
na qual ninguém atira o pau no gato.
O
caçador não mataria o lobo e este nem seria tão mau assim. Na verdade, só estava com fome.
A
madrasta da Cinderela a levaria para o baile e ficaria orgulhosa em vê-la
dançando com o príncipe.
Tudo
assim certinho.
Criar
um mundo bolha, com árvores nos canteiros centrais das ruas e Praça Portugal
para trocar figurinhas do álbum da copa. Copa organizada por uma entidade a qual
pudéssemos aplaudir e aberta com um discurso da presidente que não teria
motivos para ser vaiada.
Eita
mundinho bom esse que criei enquanto meu menino dormia em meu colo e a
televisão mostrava Brasil e Argentina e as noticias de Paris.
Nós
somos intransigentes até quando queremos fazer o bem e a coisa que julgamos
certa. Somos péssimos em promover o aleitamento materno e o parto vaginal por
que queimamos em praça pública aqueles que não os praticam.
Dá
vontade de dar Mc Donalds pros meus filhos só para afrontar o olhar julgador de
ódio de mães que advogam uma alimentação saudável. Eu também valorizo uma
alimentação saudável mas não fico olhando para o prato alheio a menos que me
peçam opinião.
Na
quarta-feira Fortaleza apagou. Vários bairros ficaram sem energia por pouco mais de
uma hora. Eu fiquei presa em um trânsito infernal tentando ir ao centro da
cidade. Mas continuei minha saga com paciência até ser agredida verbalmente por
um rapaz. Conto mais um episódio de intolerância e cegueira absoluta dos que
pregam a coisa certa: Eu estava na rua Costa Barros tentando cruzar a avenida
Barão de Studart, tarefa nada fácil quando os sinais estão apagados. Fui devagar
tentando achar uma brecha para passar com segurança. Nessa empreitada, meu
carro ocupou metade da faixa de pedestres. O rapaz que vinha na calçada e
queria atravessar a rua começou a gritar comigo reclamando que eu havia desrespeitado
a faixa. Abri o vidro e disso: Calma, desculpe, é uma situação especial, olhe,
o sinal está apagado, estou tentando passar. O rapaz nem olhou o sinal e disse
em alto e bom tom: A senhora está ERRADA! E EU, como vou atravessar?
O
rapaz de vinte e poucos anos que muito provavelmente tem ideias legais, que
tenta fazer a coisa certa e não fura fila ou suborna o policial é INTOLERANTE.
A sua retidão de conduta não o deixa olhar para os lados. E aí, resta pouca
esperança.
Vamos combinar uma coisa nestes dias tristes? Cada um reza a
reza que quiser.
Uma vida perdida para o absurdo vale uma reza, vale mil rezas.
Não importa onde a morte ocorreu.
Tolerância, cadê tu?
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