Para mães divertidas, seguras, criativas, cheias de atitudes, atletas, donas de si, firmes, corretas e também para as mães que, como eu, não são tanto, mas são boas, intencionalmente boas mães.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Só eu e ele.


Eu não sinto falta do tempo em que éramos só nós e o André. Igor nasceu para completar nossa família e, sem falsa modéstia, para adicionar uma boa dose de beleza no quarteto familiar. E doçura. E carinho. E espirituosidade.

Do que eu sinto falta mesmo é de estar só com o André. De fazer um programa só meu e dele. Sinto falta de vê-lo com mais clareza, sem ter a poeira que o irmão levanta embaçando meu olhar.  Queria senti-lo, conhecer suas escolhas tomadas independentes das do irmão.

Sei que ele modificaria suas escolhas ou por birra e implicância, ou por companheirismo e empatia com o irmão. Não quero a mudança, quero o que é genuinamente dele.

Tenho uma péssima impressão de distanciamento. Do pouco tempo que temos juntos a sós, mendigo uma conversa mais reveladora. A competição com os livros e com os vídeos de futebol no youtube é acirrada. Não me dou por vencida sem lutar, mas na luta me desgasto.

No fundo vejo que ele sou eu. Quieto, revive seus dias para si. Os fatos e sentimentos que experimenta são digeridos por ele mesmo. Só fala o necessário, o que não chega nem perto do tanto que eu desejaria ouvir.

Apenas em uma única ocasião precisei usar um fórceps para retirar um bebê que resistia em nascer durante meu treinamento no curso médico. Agora, em outra escola, uso fórceps todos os dias para arrancar do André as impressões que ele colhe em suas horas.

Todos os dias estamos juntos, almoçamos os 3 e jantamos os quatro. Mas mesmo assim tenho saudades dele. Meio constrangido ele recebe meus abraços exagerados. Aguenta por alguns poucos minutos e sai dizendo um “eu te amo” displicente porém sincero.

Quero um tempo só nós dois para que ele possa falar com detalhes do treino de futsal, informar-me dos recados que vieram na agenda escolar e falar das peculiaridades de cada colega da sala. Quero ter tempo para ouvir aquilo que só a mim ele contaria.

São só dois meninos que tenho e o bom mesmo é estarmos os quatro embolados. Mas quero um tempo só com cada um para poder sentir o cheiro do cabelo deles. Quero ouvir, com todos os sentidos, o que cada um tem a me dizer. Quero esbanjar atenção a um deles vez por outra.

Queria marcar um encontro com o André. Só eu e ele.
Iríamos de bicicleta a alguma praça, falaríamos de e com alguns passantes, tomaríamos um sorvete, comentaríamos o clima... E por sorte ele me revelaria qual a menina mais bonita da escola.

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