Para mães divertidas, seguras, criativas, cheias de atitudes, atletas, donas de si, firmes, corretas e também para as mães que, como eu, não são tanto, mas são boas, intencionalmente boas mães.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Palmas a Hiroldo Serra, vaias ao público


Convidei uma amiga para irmos juntas ao teatro. Fazia tempo que não saíamos juntas com as crianças. 

Assim fizemos, fomos assistir à peça Dona Onça Pintada e Seu Bode Cheiroso da Comédia Cearense. Chegamos cedo, compramos nossos ingressos e esperamos a abertura dos portões do teatro.

Sentamos na segunda fila, o que nos daria uma ótima visão da peça. Estávamos todos animados. Venho acompanhando as peças da Comédia Cearense desde do início da temporada e são sempre muito divertidas.

A peça começou bem e já rendia boas gargalhadas. Hiroldo Serra em cena como
Seu Bode Cheiroso incentivava a participação das crianças e até as convidava para subir ao palco em situações determinadas.

Acontece que daí para frente a coisa desandou. Crianças começaram a subir ao palco a todo momento. A coisa ficou fora de controle. Seu bode cheiroso e dona onça pintada tentavam, com toda paciência do mundo, lidar com a invasão das crianças.

A pesar do desconforto que estava gerando na plateia, do olhar de espanto da maioria do publico com aquela situação, os únicos que pareciam não se incomodar eram os responsáveis pela crianças que atrapalhavam o espetáculo.

Uma menina insistente ainda tentava exibir-se no palco. Tentava ainda manter um diálogo com os personagens atrapalhando a cena. Ao mesmo tempo que meu descontentamento crescia com aquela situação, minha admiração pelos atores crescia.

Imagino que não seja fácil atuar, mesmo para o mais experiente dos atores, atuar deve exigir uma certa concentração. Agora imagine vocês tentar garantir a diversão de crianças e adultos que pagaram o ingresso para assistir a uma peça infantil e ao mesmo tempo ter que lidar com crianças entrando em cena, mexendo em seu cenário e colocando-se no meio do espetáculo.

Ah, ia esquecendo. Em duas cenas, os personagens seguravam lamparinas. Nem a presença de fogo no palco fez com que os responsáveis pelas crianças as impedissem de subir. Os pobres atores tinham que encenar, interagir com a plateia e ainda garantir a segurança das crianças que impertinentemente subiam no palco.

Nunca tinha visto isso. Vou ao teatro quase todo final de semana com meus filhos. Caixa Cultural, José de Alencar, Teatro Via Sul, Teatro Rio Mar, Sesc Emiliano Queiroz, Sesc Praia de Iracema, Centro Cultural Dragão do Mar... Já vi muitos absurdos por aí, mas eu nunca tinha visto tamanha falta de educação e sensibilidade.

Infelizmente, mesmo com todo o empenho do elenco da Comédia Cearense, o programa não foi tão agradável como deveria ser graças a falta de educação do público.

Eram crianças de 3 a 8 anos, imagino. Eram perfeitamente capazes de ficarem sentadas em seus lugares. De participarem da peça quando convidadas e de retornarem aos seus lugares quando solicitadas. Mas não. A inércia de seus responsáveis diante daquele absurdo era impressionante.

Vou parar por aqui. Ratifico meu elogio aos atores em cena.
Não vou nem falar na minha péssima experiência no dia anterior, na Caixa Cultural, ao tentar bater uma foto com o Grupo Teatral Milongas após a excelente apresentação de Contos Fadados. Acho que vocês já podem imaginar o que aconteceu... Fila parecia uma coisa obsoleta, algo pertencente ao imaginário popular, entidade falida...

Vou continuar indo ao teatro, claro. Mas seria ótimo não ter raiva toda vez que fosse.

Serviço: 
A Comédia Cearense apresenta-se todo domingo no teatro Arena Aldeota, às 17 horas. Segue com o espetáculo Dona Onça Pintada e Seu Bode Cheiroso por mais 2 finais de semana, depois disso será o musical Noiva Cadáver e em seguida Cinderela.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Chikungunya, nem vem que não tem!


Como quem espera a hora certa com cuidado. Como quem vigia e avalia os riscos. Como quem sente-se finalmente protegido, meu menino adoeceu.

Passei 7 dias fora e Igor esperou todos eles passarem para ter febre. Comemorou meu retorno, abraçou-me com carinho, recebeu feliz os presentes de viagem e depois deitou-se molinho do sofá.

Bochechas vermelhas que embora deixassem-no ainda mais lindo, denunciavam a febre e o rash.  Dengue, zica, chikungunya? Mais provável ser uma virose comum. Seja qual for o diagnóstico, eu só agradecia. Coração cheio de gratidão por estar ali.

Viajar é bom. Férias para namorar o marido é bom demais. Mas ficar longe dos filhos é ruim. Incomoda como pedra no sapato. Parece um “porém”, um “pé atrás”, um “talvez”. Se eles estão bem, consigo relaxar e me divertir.  Se não...

Eu o abracei aliviada por ter chegado e iniciei os cuidados gerais. Alívio de mãe. Abraço em uso contínuo, beijos em livre demanda e tylenol até de 4/4h.

Acredito piamente em energia, em controle da mente sobre o corpo. Muito embora saibamos usar quase nada deste poder, ele mostra-se presente. Iguinho segurou bem a barra até a mamãe chegar. Menino inconscientemente esperto.

Período de incubação seria  a explicação não romântica para o quadro do Igor. Eu prefiro a minha versão. Prefiro energia, prefiro maternidade.

Eu só adoeço quando todos na casa já estão melhores. Não por escolha minha, mas muito provavelmente a adrenalina e o cortisol me mantém saudável até que os meus meninos estejam bem, depois, permitem-me relaxar e cair de cama.

Meus “defeitos” biológicos melhoram todos quando estou com os meninos. Medo de avião, medo de altura, minha super feroz cinetose, minha mania virginiana de controlar todas as variáveis... Tudo isso é amenizado com os meninos do lado.

Acho que a explicação disso tudo teria a ver com conexões neuronais. Aquelas que ligam sua listinha de prioridades, seus sentimentos, sua noção de perigo e seu instinto materno. Coitados desses neurônios, tarefa difícil essa...

Antes de viajar tive um torcicolo que desafiou os dotes ninja da minha professora de pilates. Tive aftas refratárias a omcilon orabase. Tive diarreia e constipação, tudo ao mesmo tempo. Tive azia, coisa que só me lembro ter sentido durante a gravidez. Tudo isso causado pelo mesmo agente etiológico: ansiedade por viajar e ficar longe dos filhos.

Agora que cheguei, não há germe que me derrube! Dá licença, sai da frente, nem chega perto!  Eu tenho que cuidar dos meus meninos.

Escudo protetor materno Mode on!

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Por que prefiro crianças.


Ou: Monstros esticadores de menino

Eu sempre disse:
Filhos, quanto maior melhor.

Enquanto a maioria das minhas amigas falava com saudosismo da época em que os filhos eram bebes, eu retorcia o nariz. Gosto de bebês. Amamentar foi uma das experiências mais gratificantes que tive na vida e cuidar de um recém-nascido o maior exercício de autoconfiança e responsabilidade. Eles são lindos e nos amam incondicionalmente, porém crianças são surpreendentes e desafiadoras.

Tirando golfadas, fraldas sujas e seios expostos em público, bebês pouco nos ameaçam e constrangem. Já crianças... Falam loucuras nos elevadores e são brutalmente sinceras. Já não conto mais nos dedos as situações de profundo constrangimento que passei com meus filhos. Elas vão desde: só isso? ( falado em alto e bom tom depois de um espetáculo infantil) à que bunda mole! ( referindo-se a uma banhista na praia do futuro).

Claro que as situações constrangedoras não justifica minha preferências pelas crianças acima de 4 anos. Mas confesso que animam meus dias e com certeza são um bom treinamento para lidar com situações inusitadas. Praticamente ganhei o dote  ninja do improviso nesses 7 anos de maternidade.  

Crianças abrem consideravelmente o leque de brincadeiras e passatempos. E eu adoro brincar, criar e inventar! Bebes são fofos e fazem os nossos olhos encherem-se de felicidade com as caras e bocas que fazem, mas, depois de 30 minutos de brincadeira com um bebê, confesso que começo a ficar entediada. ( Essa frase cai na categoria do “pronto, falei!”)

Acho também que o sentimento materno amadurece. Não cresce nem diminui, ele muda com o avançar da idade da criança. Continua incondicional e sem limites mas acho que de certa forma o amor ganha corpo e forma. Amamos bebes em um contexto de turbilhão hormonal, instinto e senso de responsabilidade. E quando a poeira baixa, o amor se assenta em nossos corações de uma forma única. Amamos agora uma crianças cheia de peculiaridades que a distinguem das demais.

As crianças abrem mais portas. As do cinema, dos teatros, das livrarias. Abrem gavetas cheias de quinquilharias e de lá tiram exércitos inteiros para lutar contra dragões. Enfrentam novos desafios, questionam e descontroem. Crianças são quase sempre subestimadas e com frequência surpreendem. E isso é bom demais!

Acontece que embora eu tenha deixado explícito que quanto maior melhor, eles andam se empolgando. Sim, eles, aqueles implacáveis monstrinhos  esticadores de meninos. Agem à noite, durante o sono. Mesmo montando vigília, fica difícil de impedi-los. Puxam, repuxam e usam a neurociência, os hormônios e as epífises ósseas como justificativa para o que fazem.

Eita monstrinhos danados... Não precisam levar o que digo tão ao pé da letra. Vão tirar umas férias, fazer um sabático ou um retiro de meditação. Eu sei que vocês são implacáveis e irredutíveis então já alertei os meus meninos que não importa o quanto cresçam, sempre caberão no meu colo. 

Ah, e vale esclarecer. Falei que quanto maior melhor referindo-me à categoria infantil. Antes da pré-adolescência, antes, muito antes da vida adulta. Prefiro as crianças aos adultos. Mas se tiverem realmente que crescer, que sejam adultos com boa memória e recordem bem da infância que tiveram.