Para mães divertidas, seguras, criativas, cheias de atitudes, atletas, donas de si, firmes, corretas e também para as mães que, como eu, não são tanto, mas são boas, intencionalmente boas mães.

quarta-feira, 4 de março de 2015

O baldinho de brinquedos


Meu menino é outro. Vi isso ao sentar no chão e brincar com ele.
Já repararam como as coisas ganham outra dimensão quando sentamos no chão?

Fazia tempo que não brincávamos assim. Brincadeira ao acaso, sem plano ou estrutura. Foi muito bom!

Na verdade, ele chamou o irmão para brincar, mas André estava na rua do Limoeiro, no meio da execução de um plano mirabolante para pegar o Sansão, e não aceitou o convite

O bichinho não contestou nem insistiu. Foi só, arrastando seu baldinho, para o meio da sala. Resolvi adiar, mais uma vez, o que eu ia fazer. Resolvi oferecer companhia.

-       Igor, a mamãe pode brincar com você?

Olhinhos contentes e sorriso banguela de uma menino feliz! E eu pensando neste momento: quem precisa tomar banho, digitar notas e preparar aulas? Eu não! Agora não! Agora eu vou brincar!

Coloquei uma cara animada e fui cheia de disposição sentar-me no chão da sala.

-       E ai? Vamos brincar de que? Perguntei.
-       De cachorro e de dono de cachorro. Tu é o cachorro,

Neste momento tive a impressão de que digitar as notas dos meus alunos não seria uma ideia tão má assim. Mas... Já estava ali, encarei.

Igor animado revirou o baldinho que tinha um pouco de tudo dentro e me deu o Pluto. Ele ficou com um Ben 10 na mão.

Eu, com minha mania de organização falei que seria melhor ele pegar o Mickey para ser o dono do Pluto. Igor recusou a proposta na hora. Aceitei, sem contestar, a justificativa que me foi dada: - Mãe, isso é só uma brincadeira.

Isso mesmo Iusta! Sua virginiana pragmática e neurótica. Isso é uma brincadeira! Já ouviu falar em usar a imaginação? Deixar-se levar, inventar e transformar?

Agora sim, vamos lá! Vamos brincar.

A partir daí foi uma festa. Eu era um cachorro feliz em ter o Ben 10 como dono. Igor sem cerimônia tirou um dos braços do Quatro Braços e transformou em osso para cachorro roer. Pra quê tantos braços mesmo?

E deste baldinho saía de tudo. Nada de que o cachorro precisasse ficava sem ser prontamente providenciado.  Sapo virava cama macia e confortável, a baleia virava bebedor para matar a sede. Bebedor?
Igor me explicou que o “esguicho” das baleias serviria como fonte de água. Fantástico! Como não pensei nisso antes?

Durante nosso passeio ao zoológico onde havia vários animais incluindo dinossauros, Igor me acalmou dizendo que, embora eles fossem grandes, não precisava ter medo pois a maioria deles comia folhas e não cachorros. Fiquei bem mais tranquila.

E por aí foi. A cada nova aventura do Ben 10 e do Pluto eu ficava boquiaberta. Espantava-me a criatividade, o vocabulário e a riqueza de informações que Igor possuía aos 4 anos.  

Aquele meu caçula que vivia à sombra do irmão mais velho é na verdade uma garoto fascinante, de conversa fácil e divertida. Tão criativo quanto se pode ser uma criança brincando.

Igor me conquistou ainda mais depois que sentamos no chão e brincamos. Arrisco inclusive dizer que nos conhecemos melhor depois daquela tarde. Sei mais de suas preferencias e de sua personalidade.

Admito que quando amigos ligavam para perguntar o que Igor gostaria de ganhar de aniversário eu nunca sabia o que dizer. Agora, pertinho do aniversário de 5 anos, quando perguntarem eu direi: Se você tiver alguns minutos livres no seu dia, venha aqui brincar com Igor, não precisa trazer nada, Igor estará com seu baldinho de brinquedos e de lá saem maravilhas!

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