Para mães divertidas, seguras, criativas, cheias de atitudes, atletas, donas de si, firmes, corretas e também para as mães que, como eu, não são tanto, mas são boas, intencionalmente boas mães.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Não quero morrer jovem.

Passei a terça-feira meio angustiada.
Logo cedinho escuto no rádio a notícia que um avião havia caído.
Odeio avião e essas notícias reafirmam meu temor de voar.
Imagino as mães dentre as 150 vítimas. Mães com filhos pequenos.

A vida é difícil e muito complicada. Muitas vezes a gente só precisa estar perto. Outras tantas a gente não pode fazer mais nada além disso.
Por isso eu não queria morrer jovem. Além de ter muito o que eu gostaria de ver e fazer, tem os meninos. Eu quero estar do lado deles. Sei lá, caso eles precisem, caso seja o único alento.

Outro dia o Chelsea perdeu para o paris Saint Germain na liga dos campeões. André chorou inconsolavelmente. Eu nem sabia que ele torcia tanto assim pelo Chelsia. Agora sei. Mas o fato é que não tinha nada a ser dito para consola-lo. Eu o abracei e disse: A mamãe está aqui.

Igor caiu e quebrou o dente da frente quando tinha 2 anos e meio. Muito sangue, muito choro. Visitas ao dentista já não são muito prazerosas por si só, imagine quando envolvem exames e intervenções em uma criança de 2 anos. Não pude prevenir o acidente nem tampouco impedir que a intervenção odontológica fosse feita. A única coisa que fiz foi segura-lo forte para que os procedimentos fossem feitos e sussurrei em seu ouvido: Calma, a mamãe está aqui.

E eu tento estar sempre lá. Na pancada mais forte, no pênalti perdido, na nota baixa na prova, na apresentação da escola, na queda de bicicleta.

A neurofisiologia por certo tem uma explicação plausível.  O cérebro desenvolve-se rápido nos primeiros anos de vida. Novas conexões e associações são feitas a depender das experiências vividas pela criança.
A complexa relação entre o sistema límbico e os outros sistemas de comando do corpo deve guardar vias neuronais especiais para mensagens vindas de pais e mães. Os impulsos gerados por elas correm mansos, afagando e acalmando os sentidos. Ao ouvir “A mamãe está aqui” sei que a dor melhora e o coração acalma. Eu sei.

Já o coração da mãe... Esse só sofre. A angústia gera aperto, deixa o coração pequeninho, e o amor pelo filho, que quase já não cabia, agora extravasa em enxurrada. Derrama em lágrimas, abraços, beijos constrangedores em público.
E o amor doe e pesa.


Meninos, mamãe está triste mas a mamãe está aqui. Pode contar comigo.

5 comentários:

  1. Gostei muito, lembrei da mamãe, sempre tão amorosa... 💋

    ResponderExcluir
  2. Texto sublime. Parabéns. Não acompanho nem sou fã de blog nenhum, mas é impressionante como estou lendo constantemente as postagens da "folga da babá ". Muito bom mesmo!

    ResponderExcluir
  3. Lindo texto!
    Emocionada aqui...
    Parabéns!

    ResponderExcluir