Para mães divertidas, seguras, criativas, cheias de atitudes, atletas, donas de si, firmes, corretas e também para as mães que, como eu, não são tanto, mas são boas, intencionalmente boas mães.

domingo, 28 de setembro de 2014

À flor da pele


Eu tinha uma gata chamada Beatriz. Lembro-me bastante dela. Era uma gata de uma inteligência e coragem espantosas. Ela costumava achegar-se sorrateiramente enquanto eu estudava e deitava-se em cima da apostila do curso pré-vestibular. Gatinha de um coração enorme querendo livrar sua dona daquele sofrimento de horas de estudo. Ou será que ela só queria um pouco de atenção e carinho?  Considerando que ela se deitava na apostila, colocava a barriga para cima e ronronava faz-me acreditar na segunda opção. Mas o fato é que ambas saíamos ganhando.

Hoje, domingo, dia em que não costumo trabalhar e fico agarrada com meus 3 meninos, eu trabalhei. Fiquei atracada com meu computador fazendo provas.  Não tenho gatos, nem cachorros, mas tenho o Igor. Menino do coração tão grande quanto o da Beatriz. Ele chegou, se aconchegou, deitou ao meu lado e encostou sua cabecinha na minha perna. Focou ali com sua fraldinha de pano e seu dedo, os eternos companheiros em momentos de ócio. Continuei digitando, porém bem devagar, pois o fazia apenas com uma mão. A outra afagava a cabeça do meu menino menor.

Quem ganhou com isso? Acho que os meus alunos, pois meu coração foi amolecendo e as questões da prova foram ficando gradativamente mais fáceis. Igor também ganhou, pois ninguém joga fora um bom cafuné. Porém, quem mais ganhou fui eu.  Tem algo na presença destes meninos que me faz diferente. Quando eles chegam perto, André, Igor e Fábio, é como alento, arco-íris e cobertor. 

Ensino meus alunos sobre a pele. Neste contexto falamos em barreira física, um dos componentes do sistema imune que impede a entrada de invasores, limitando a interação do corpo com seres indesejáveis. Abaixo dela ficam componentes químicos e células fazendo cara ameaçadora aos que conseguirem burlar o bloqueio da pele. Ah... mas a pele é tão melhor fora do contexto imune...

Alisar a barriga da beatriz e ter o Igor no colo causam desarme instantâneo da pele. Nada de barreiras ou defesa. Nada de privar contato e interação. A pele  transforma se em uma via sensória aferente que vai direto ao coração. Esse amolece, aumenta a complacência e, de repente, tudo cabe dentro dele. Aprovação em vestibulares e domingos felizes...

Agora, abraços e beijos terapêuticos para minimizar as angústias do coração.
Tudo faz sentido.

Bom domingo.

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