Para mães divertidas, seguras, criativas, cheias de atitudes, atletas, donas de si, firmes, corretas e também para as mães que, como eu, não são tanto, mas são boas, intencionalmente boas mães.

domingo, 25 de novembro de 2012

Dor

Não sei bem o que dói, mas dói.
Em medicina aprendemos a diferenciar a dor somática da dor visceral. Aquela que discriminamos perfeitamente onde incomoda, daquela que dói, por dentro, espalhada. A minha dor não se aponta com dedo, seu local se mostra com toda a mão espalmada, tentando não deixar de fora nenhum cantinho de dor.
Dói no peito, peito de mãe, e irradia para todo o corpo.
Essa dor vem e vai. Ameniza com abraço e beijo, porém melhor resposta analgésica se tem com sorriso de filho. Aquele de brilhar os olhinhos e ilumina o lugar.
Infelizmente, a piora é precipitada por tantas outras coisas...
Escolher escola, escolher período de estudo, escolher atividades extra curriculares, escolher o castigo a ser aplicado, escolher as palavras durante a conversa séria, escolher o programa de domingo, escolher levar ou não levar consigo, ir ou não ir, escolher a babá, escolher trabalhar ou não. Depois surgirão outras... Sempre existirão as escolhas. Entregar ou não a chave do carro, dar ou não a mesada, aprovar ou não a escolha da profissão, falar ou não sobre aquela namorada.
Cada escolha é uma dor. Dor de querer acertar. De ver que a vida é curta e que você tem que estar ali. A resposta do acerto e do erro a vida que traz. O dia-a-dia mostra falhas e ajustes a serem feitos. Você vai moldando sua vida, encaixando novos projetos e torcendo para que o destino jogue a seu favor. Pois claro, não podemos esquecer que mesmo quando se faz tudo sob medida, vem o inesperado, a fatalidade, e lhe arranca o chão.
O preço é alto para  se ser mãe. Tanto amor não viria de graça. Por isso que dói.
Invejo os tranquilos, os sem angustia, os de fé forte que conseguem entregar boa parte da responsabilidade das coisas da vida a algo superior.
Invejo os que levam a maternidade de forma mais leve. Eu não, eu sinto o peso, e este faz doer. Mas não por isso deixo de sentir os prazeres que os filhos trazem, na verdade, acho que ganho em dobro: felicidade de mãe e alívio da dor!
E viva a maternidade leve, sem culpas e com uma boa dose de sorte nas caminhadas. E viva as escolhas, pois pior ( muito pior) seria ter poucas a fazer na vida.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Muito de tudo

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Quando soube que ia ter Palavra Cantada no encerramento da Bienal do Livro do Ceará fiquei toda animada. Era um pequeno sonho a ser realizado. Seria o primeiro grande show musical que levaria meus meninos.
Afinal, Palavra Cantada conta um pouco a minha história de mãe. Foi deles o primeiro CD infantil que comprei após voltar ao Brasil. São deles boa parte das músicas que canto junto com meus filhos no carro. Com as músicas do Palavra Cantada, aprendemos a história do Brasil, o nome das fruteiras e dos dedos das mãos. Aprendemos onde fica o Sudão, o que é eco e que, para ser uma bailarina, precisa-se de dedicação. Junto com eles, gritamos alto que criança não trabalha ( mas dá muito trabalho) e aprendemos a fazer a sopinha do neném.
Acho que já ficou claro o quanto eu queria ir ao show. E fui! Graças a uma boa dose de teimosia e dedicação ao sonho, fui!
O show iria ser no Centro de Eventos, seria gratuito e a distribuição de ingressos dar-se-ia apenas no dia do show. Sabia-se, pelo histórico dos outros shows desta bienal, que a fila estaria enorme, poderia ter muita gente e que era esperada confusão na entrada.
A despeito de tudo isso, consegui ingressos para todos nós. Fomos nós 4, animados ( e preocupados) para o show.
Chegamos 1h e meia antes da hora marcada para o show começar. Entrei na fila que alguns funcionários da bienal tentavam formar.  Achei que a entrada foi organizada e a fila razoavelmente respeitada pela maioria, tendo em vista as mais de 3000 pessoas que queriam participar do evento. O pior começou dentro do enorme espaço reservado para o show. Um grande “galpão” cheio de cadeiras de plástico. O palco era enorme, porém não tão grande quanto a vontade das pessoas de ver o show de perto. Logo logo começaram a transferir as cadeiras de lugar. Uns tentavam espremer-se entre as cadeiras da frente, outros simplesmente criavam novos lugares próximos ao palco. Aos poucos a arquitetura do lugar foi sendo modificada, saídas de emergência sendo obstruídas e o respeito a quem chegou cedo para pegar um bom lugar sendo esmagado.
 Fiquei em um lugar ótimo, mais ou menos a meio caminho do palco, bem a frente de um espaçamento entre as fileiras de cadeiras, onde, imaginei, os menos dançariam. Nos 15 minutos de atraso para o início do show, vi cadeiras indo e vindo através deste, e para este meu precioso pedaço de chão. Não queria arrumar confusão na frente dos meus filhos e além disso, aquele era um dia de festa, de ser feliz. Torci, com todas as minhas forças, para que ninguém tentasse apropriar-se do espaço que lutei de forma absolutamente leal para conseguir. Graças a uns poucos funcionários (pobres coitados ) que tentavam impedir a famigerada dança das cadeiras e à fúria dos honestos que vaiavam e apontavam para os que carregavam cadeiras, as pessoas foram se aquietando em seus lugares. E eu que, naquele momento temia pela segurança dos meus meninos, fui desarmando meu coração ( e garras) de leoa.
O show começou e todos, os educados e os não educados, os honestos e os desonestos, os de bom coração e os egoístas, todos mesmo, dançaram e cantaram Palavra Cantada.
Um espetáculo de apresentação. Um show que recomendo a  todos que tiverem oportunidade de assistir. André dançou o show inteiro, Igor esperava ansioso tentando adivinhar a próxima música. André parecia estar em um show de rock, erguendo os braços e gritando a letra das músicas.  Talvez fosse eu, alí, aos meus 13 anos vendo, ouvindo e chorando ao som de Renato e sua Legião no Paulo Sarasate.
Sacrifício e medo ( alimentado pela desonestidade e falta de educação das pessoas) para viver pequenos prazeres. Ver e viver o melhor e o pior.
Se a vida não for feita disso, de que mais será?

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Pequenos viajantes, grandes destinos - Primeiro da série

Instituto Baleia Jubarte
Bom escrever assim, enquanto a viagem está fresquinha na memória. Acabo de voltar da Praia do Forte e escrevo aqui para recomenda-la como destino de viagem com crianças.
Com um voo rápido de 2 horas ( até Salvador) e 45 minutos de carro ( em ótima estrada) você chega na Praia do Forte. Mas não alugue carro! Você não vai precisar dele quando chegar lá. Pegue um taxi ou um "transfer" (sua pousada agenda para você).
Cidade agradável que sabe ser tranquila e badalada ao mesmo tempo. Há muitos bares, restaurantes, hotéis e pousadas. As opções de hospedagem vão desde resorts com excelente estrutura até pequenas pousadas no centro da vila. 

Pousada Tatuapara
Fiquei na pousada Tatuapara (que significa tatu bola). Recomendo pelo preço, pela qualidade e principalmente pela localização. Fica ao lado do Projeto Tamar  e da pracinha da Igreja. Apenas 10 minutos de caminhada para as piscinas naturais e a 100m da rua principal. Em frente da pousada tem um gramado e um parquinho infantil público. Porém, a própria pousada tem piscina e uma pequena sala com canais infantis de televisão, alguns brinquedinhos e 2 playstations ( que me bastaram!) para distrair as crianças. Ponto negativo: não tem cozinha, e quando se está com crianças isso pode ser um problema. O serviço limita-se a bebidas e alguns petiscos, porém tem um excelente café da manhã. 
Alimentando e tocando nos tubarões - TAMAR
Também tive a oportunidade de conhecer o resort Tivoli. Outro mundo, outro esquema. Além das atrações para adultos próprias de um resort, as crianças sentem-se no céu! Animadores apostos até as 10 da noite que divertem e alimentam seu filho e acabam com toda ( digo toda mesmo) a pilha. Área infantil enorme, com parque, piscinas exclusivas, campo, cineminha... Esse é o lugar para ir se você quer descançar ou namorar, pois seus filhos não irão fazer muita questão da sua companhia ( os acima de 3 anos). O resort tem acesso a praia e nela muitas atividades disponíveis aos hospedes porém , como ponto negativo, fica distante da vila, necessitando carro para ir à rua principal. Toda essa comodidade tem seu preço, uma diária no Tivoli custa por volta de 5 vezes mais que a da Tatuapara.
A cidade torna-se especialmente agradável por ter uma grande rua principal onde não passam carros. Você senta no restaurante e seu pequeno pode ficar solto para explorar o ambiente ( o meu explorou bastante!). Comida de todo tipo você encontra e fica fácil achar algo que agrade. Cansou? Pegue um bicitaxi que por si só já é uma atração para a meninada e custa 10 reais de qualquer ponto da cidade para qualquer outro ;)
As principais atrações da Praia do Forte preenchem bem 2 dias inteiros e são:
Piscinas naturais
  • Projeto Tamar = ver e alimentar tartarugas, pegar nos tubarões e nas arraias, aprender sobre esses e animais em uma visita guiada e com sorte, acompanhar uma abertura de ninho de tartaruga.
  • Rua principal = lojas, bares e restaurantes o tempo todo com trânsito livre apenas para pedestres! 


  • Instituto Baleia Jubarte = Bosque muito agradável onde podemos encontrar varias replicas e um enorme esqueleto de baléia, além de sala de video ( 3D, em breve). Também onde são organizados passeios de observação das baléis de junho a outubro.
A mais linda Figueira que já vi!
Castelo Garcia D'Ávila
  • Piscinas naturais = piscinas que se formam entre as pedras quando a maré baixa. Além do tranquilo banho de mar, é possível observar muitos ( muitos mesmo) peixes. As crianças ficam super empolgadas! 


  • Castelo Garcia D’ávila = sendo a quarta construção do país, ele encanta os adultos pela importância história, os pequenos devem gostar mais da imensa e belíssima figueira na entrada.
  • Passeios a cavalo, quadriciclo, canoa,  barco...
Espero que tenham gostado do Post de estreia da série Pequenos viajantes, grandes destinos do folga da babá. Para onde eu for com os pequenos, conto para vocês ( indicando ou desencorajando) !

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Pão, bonecos e papai noel


Tanta coisa acontecendo nesses próximos dias que não sei nem por onde começar. Mas duas delas merecem destaque especial: a Bienal do livro do Ceará e o SESI bonecos do mundo 2012.
 
Porém, irei começar com a chegada do bom velhinho nos shoppings de Fortaleza que já começa a acontecer esse final de semana. E tem chegada para todos os gostos, até de metrô.
 

A Bienal do Livro do Ceará  já começa amanhã e segue por 10 dias no Centro de Convenções do Ceará. Muita coisa legal acontecendo por lá, encantamento para crianças e adultos. O grande homenageado será a Padaria Espirutual. E vamos comer pão quentinho para alimentar a alma e o espírito. Olha o que eles dizem sobre o evento:
“A X Bienal Internacional do Livro do Ceará será palco de extensa programação que resgatará a história da Padaria Espiritual – movimento artístico cearense que em 1892 escandalizou a pequena Fortaleza com o humor, o talento e a ousadia de um grupo de “rapazes de Letras e Artes” que se contrapunham a uma Fortaleza elitista,  influenciada pela Academia Francesa (1872).
Cento e vinte anos depois, essa importante agremiação cultural, formada por escritores, pintores e músicos, que obteve repercussão nacional, inspira a X Bienal Internacional do Livro do Ceará, que terá como tema “Padaria Espiritual: o pão do espírito para o mundo”.
Além da Padaria Espiritual, a X Bienal Internacional do Livro do Ceará homenageará a Semana de Arte Moderna, evento ocorrido em 1922, em São Paulo, que também marcou época ao apresentar novas ideias e revolucionários conceitos artísticos.
A Bienal homenageará, ainda, os 150 anos de nascimento da escritora cearense Francisca Clotilde e os centenários do rei do baião, Luiz Gonzaga, dos escritores Jorge Amado e Nélson Rodrigues e do cantador e violeiro Joaquim Batista de Sena, genuíno representante da poesia popular nordestina”

Olhe abaixo o mapa do evento ( só para ter uma ideia da magnitude) 




Aqui vão os espaços para você já organizar sua visita neste mundo dos livros. Atenção para o espaço infantil! Programação completa aqui: http://www.bienaldolivro.ce.gov.br/programacao/
Pavilhão dos Estandes
Espaço destinado à exposição e venda de livros, que colocará à disposição das editoras infraestrutura moderna e acolhedora. São esperados mais de 100 mil títulos, que ficarão expostos em quatro setores distintos:
Espaço das Editoras Cearenses
Destinado às editoras do Estado, possibilitando aos editores a comercialização de suas publicações e exposição de seus catálogos para o grande público da Bienal.
Rede Nordeste do Livro
Leitura e Literatura, que reunirá as editoras do Nordeste.
Setor das Editoras Universitárias
Espaço conjunto para exposição e venda da produção acadêmica das editoras universitárias brasileiras e latinoamericanas.
Espaço das Editoras Nacionais e Internacionais
Área que concentrará as grandes editoras nacionais e internacionais.
Espaço Cariri Braúna de Cordel
Setor da literatura popular, que homenageará o padeiro Cariri Braúna, como era conhecido José Carvalho
Café Java
Antigo Café Literário, ponto de encontro dos padeiros, no final do século XIX. O Café Java será reproduzido no Centro de Eventos para que os atuais padeiros e amassadores se deliciem com um café regado a boa leitura, agradável bate-papo e recitais poéticos.
Espaço Frivolino Catavento
Destinado aos projetos da Associação para o Desenvolvimento dos Municípios do Estado do Ceará/APDMCE. Será dirigido aos pequenos autores, visando introduzir o lúdico no universo infantil e incentivar o contato com a literatura e a contação de histórias.
Arena Multicultural Luís Sá (Espaço Jovem)
Conexão entre a literatura e a tecnologia, que oferecerá ao jovem um mundo lúdico em sua própria linguagem. A programação terá bate-papos sobre temas como Fanzines, RPG, literatura fantástica, mídias sociais e blogs literários.
Espaço Cineclube
Com exibição de documentários sobre os homenageados e filmes adaptados de obras literárias, seguidos de debates e elaboração de roteiros.
Salão O Forno
De onde sairão fornadas de Contação de Histórias e Rodas de Poesia.
Biblioteca Provincial
Sala da Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel. O funcionamento da Biblioteca Provincial era uma das bandeiras da Padaria Espiritual.
Escola de Artes e Ofícios Itinerante
Terá oficina permanente de xilogravura e outros ofícios.
Espaço Infantil
Com oficinas, rodas de leitura, conversa com autores, exposições, teatro, shows, performances e narração de histórias infantis.
Rodada de Negócios
Célula de intercâmbio comercial e tecnológico, visando estimular parcerias e facilitar o acesso a novos mercados editoriais.

E não para por ai. Nós seremos premiados com 4 shows maravilhosos durante o evento e nossos pequenos ganharam um super espetáculo infantil com Palavra Cantada. Alguém vai querer ficar de fora? Vamos torcer apenas para a distribuição de ingresssos ( que serão gratúitos) ser organizada e que consiga contemplar a todos. Até o momento, a informação que temos é que os ingressos serao entregues no local e dia de cada evento a partir das 2 da tarde.


O Festival SESI Bonecos do Mundo promete ser bem interessante, fora do usual, diferente do que, nós e nossas crianças, estamos acostumados a ver. Por isso mesmo devemos fazer um esforço para incuir, pelo menos um dos espetáculos na nossa corrida agenda da próxima semana. Abaixo você encontra o que eles dizem sobre o evento e a programação aqui de Fortaleza.
O Festival SESI Bonecos do Mundo é mais um evento cultural patrocinado pelo SESI que, com iniciativa inédita, dissemina através de bonecos a riqueza cultural presente nas diversas regiões do Brasil, além da cultura de outros países. Maior festival de marionetes do País, o projeto nasceu em 2004 e já percorreu todas as 27 unidades federativas do Brasil, encantando as mais de 1,8 milhões de pessoas que assistiram aos espetáculos.
A programação completa pode ser vista no endereço: http://www.sesibonecos.com.br/2012/programacao/fortaleza/
O festival começa dia 14 de novembro, tendo espetáculos no teatro José de Alencar as 19 e 21 horas neste e nos 2 dias seguintes. No Sábado dia 17 e domingo dia 18 a programação ocorre a partir das 16 horas e segue até 22:00.  A grande atração do sábado será o show do Grupo Pato Fu com seu espetáculo Música de Brinquedo. Tudo isso é gratuito!

Aproveite! Bom espetáculo a todos!

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A sala de espera


Estou eu aqui. Esperando. Grata pela internet sem fio e pela lista de “coisas por fazer” que ocupam meu tempo nesta hora. Tempo este que estaria utilizando para questionar, duvidar e alimentar minha descrença caso não tivesse outras coisas para fazer e pensar.
Falo de um serviço que hoje utilizo, a psicóloga pediátrica. Em um assunto específico comportamental com relação ao meu filho mais velho. Resolvi assumir minha ignorância e pedir ajuda. Hesitei bastante, sempre achando que ia conseguir. Li estudei, tentei... Mas não consegui resolver o problema.
Como parte do meu processo de convencimento, comecei a contabilizar as pessoas que conhecia que utilizavam-se deste serviço. Espanto! Muitas amigas, conhecidas e afins, levam seus filhos ao psicólogo. Serviço caro e especializado. Os motivos são diversos e nesta área de motivo não me meto, cada um sabe onde o sapato lhe aperta... Mas não paro de topar com famílias que levam seus filhos a psicóloga. Ainda me espanto.

Encomendei um bolo: - A senhora venha pegar antes das 3 da tarde pois depois disso levarei minha filha ao psicólogo.
Tentei ajustar o horário da natação do meu filho com o de um colega: Ah... Que pena, neste horário não da pois ele tem psicóloga.
Em uma roda de amigas: ...Esta é a mesma psicóloga que já a levei antes, ela é ótima...

Parece até o assunto da moda. Todo canto que vou, toda conversa da qual participo entra psicóloga no meio. E eu engrossando as fileiras...
Resolvi sair da ignorância e estudar um pouco sobre o campo da psicologia infantil.
Vi que a psicologia infantil é: “O estudo do desenvolvimento infantil e das suas perturbações”. Acompanho o desenvolvimento infantil dia a dia de dois meninos bem diferentes e com certeza presencio muitas perturbações ;) Mas talvez a grande diferença seja a forma de ver determinadas situações e a conduta a ser seguida para o melhor desfecho do olhar treinado para tal: a Psicóloga pediátrica.
“A maior parte dos problemas que ocupam o psicólogo em pediatria envolvem perturbações e alterações de comportamento muito frequentes.” Justamente por isso, (pelo que entendi das minhas leituras) tem-se que tomar cuidado especial para não classificar e atribuir patologias a uma criança que apenas segue seu curso de desenvolvimento dentro da ampla janela da normalidade.
Mas, como mães, somos inseguras demais, estamos muito apressadas em ver nossos filhos cumprindo 100% do potencial que atribuímos a eles. Precisamos de um profissional para dividir a responsabilidade e aplacar os nossos anseios. Mais, precisamos de um olhar externo, alguém que veja a situação com imparcialidade, e melhor, com embasamento científico para equilibrar-se com o nosso julgamento emocional nada cartesiano.
A dúvida e a culpa que assombra boa parte da nossa geração de mães pode ser uma das explicações da grande procura por psicólogos infantis. ( Embora aqui, acho que valesse mais um psicólogo para adultos, para nós mesmos) A vontade de fazer TUDO ao nosso alcance, não deixar nada passar em branco.
Meu filho ama suas sessões. Para ir a psicóloga, desliga o Cartoon network, toma banho e se arruma sem reclamar. Claro que ele adora. Abre um baú cheio de coisas legais, tem a atenção integral e exclusiva de um adulto por 1 hora, e só brinca. Isso mesmo, só faz brincar durante 1 hora inteira. E eu aqui esperando...
Sei da importância do lúdico e imagino que a psicóloga deva estar desvendando os mistérios da cabecinha do meu filho com tais brincadeiras... Mas, me desculpem, eu questiono.
Passo 1 hora da minha espera me questionando o que diabos estou fazendo aqui. Mas quando ela vem trazer meu filho de volta, recebo-o com carinho e digo muito obrigada à psicóloga. Acho ainda que repetirei esse ritual por um bom tempo. O de questionar e o de agradecer. Provavelmente, e infelizmente, pelos motivos que expus acima. Porém, convenhamos, resultados são sempre bons de serem vistos e se eles existirem, direi muito obrigada com  muito mais convicção. Agradecerei feliz pelo benefício real ao meu filho e não pelo tratamento da minha insegurança materna.

A psicologia infantil veio firmar-se como campo mais difundido e respeitado na década de 70, sendo criadas suas primeiras sociedades científicas e linhas próprias de abordagem. Tem, então, mais ou menos a nossa idade. Porém, sinceramente espero que não tenha herdado os vícios da nossa geração e que, tenha tido uma infância bem resolvida pois, como a grande maioria de nós, não deve ter tido acesso a tal serviço quando criança.
Forte abraço a todas e incentivo a colocarem um comentário neste post na sua próxima hora de espera, quem sabe não faz o tempo passar mais rápido... 

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

"Quem se faz de açucar, mela no sereno"


Duas vezes por ano embarco na aventura de organizar uma festa infantil. Nessa missão o destino me presenteou com duas grandes sortes, uma tia dona de buffet e datas de aniversário dos filhos com 4 meses de diferença.

Desde de sempre assumi algumas regras básicas que sigo com convicção. Todas partem do princípio de que a festa é do e para o meu filho (não minha). Seus amigos (e não os meus) serão os convidados. Apenas os parentes próximos (digo, bem próximos) serão convidados, com prioridade àqueles com filhos pequenos. Os amiguinhos da escola são sempre chamados, pois é com eles que ele convive todos os dias. Assim, consegui cortar custos, tornar a festa menor e mais aconchegante para os pequenos.

Quanto ao que servir... A única coisa que faço questão é de colocar muito suco e água. Algumas frutas, comidinhas leves. Já servi milk-shake, gelatina, espetinhos de frutas (todos em geral esquecidos no cardápio das festinhas que vou) e a garotada adorou.

Semana passada, em meio a organização do aniversário do André de 5 anos, li uma matéria que veio bem a calhar. “Melhor mudar de mundo do que muda-lo” de Cássia Fernandes. Ela fala de como temos dificuldade de transformarmos pequenas coisas e costumes no nosso dia a dia para mantermos hábitos mais saudáveis e ecologicamente mais sustentáveis. Ela usa o aniversário infantil como vilão na matéria mas acho que a crítica se aplicaria a muitas coisas.

A matéria pode parecer um pouco extremista, mas no fundo a autora tem suas razões. Resolvi destacar os trechos abaixo:

“…as escolas não fazem nenhuma restrição às famigeradas lembrancinhas que na maioria das vezes consistem numa caixa, lata ou saquinho, contendo uma quantidade assombrosa de plástico e açúcar, para horror dos nutricionistas. São quinquilharias descartáveis, brinquedinhos made in China, que quebram ao primeiro manuseio e vão parar no lixo, reciclável, por favor. É um surtimento impressionante de balas e chocolates, muitos sem qualquer controle de qualidade, repletos de corantes, e comercializados nas lojas de artigos para festas espalhadas a cada esquina.
 O saldo festivo costuma ser uma ameaça a qualquer equilibrada dieta infantil. …Muitas fazem aniversário no mesmo mês, de tal forma que numa mesma semana às vezes a meninada leva pra casa um verdadeiro arsenal de guloseimas que competem deslealmente com a maçã e o alface. E lá vão essas mesmas mães – oh, contradição! –  inventar esconderijos e formar trincheiras para proteger as crianças, já viciadas nas bombas de açúcar”.

Lembrancinha de 2 anos do Igor com o tema fazenda.
Fantoches - com doces dentro- mas em minha defesa digo,
os doces eram da fazenda! ( cocada, goiabada, rapadura,
doce de banana)
De fato, bombom é o que não falta na maioria das lembrancinhas de aniversário. E olha que sou fã de lembrancinhas, uso e reuso todas: bolsinhas, potes, toalhinhas. Aproveito mesmo e faço valer o dinheiro que elas custaram. Mas não precisava de tanto doce.

Há 3 semanas, “alimentei” 60 alunos de medicina da UNIFOR que faziam prova, e sim, nesta hora eles precisavam de algo para adoçar a vida e os neurônios. Alimentei-os com o apurado de duas festinhas infantis que meus filhos haviam comparecido. Cada aluno pegou 1 ou mais bombons e mesmo assim ainda sobraram um pacotinho de jujubas e uma bala de banana no potinho ( uma lembrancinha) que eu circulava em sala.
As crianças já esperam e aguardam ansiosas pelos doces das lembrancinhas e acho que devem existir. Porém, como tudo na vida, devem existir com moderação. Não gostamos que nossos filhos comam bombom todo dia, mas fornecemos aos filhos dos outros ( nossos convidados) um arsenal enorme nas lembrancinhas. Queremos estimular hábitos saudáveis mas ao mesmo tempo não conseguimos inseri-los no nosso dia a dia.

Mas é dia de festa, hoje pode! Até penso assim também, que extravagâncias devem ser feitas e devemos nos permitir pequenos prazeres de quando em vez, mas... O (um) pirulito será suficiente para arrancar um lindo sorriso e será ainda mais prazeroso se a ele ( o único) for dado o devido valor. Mas é a festa do meu filho e quero que seja maravilhosa! Por isso mesmo... A festa do seu filho é sua única chance de mudar, fazer diferente. Só nela você tem gerência, não nas dos outros. É sua chance de dar um bom exemplo e de ter uma boa ideia!

Cássia fala ainda:

“Na última festa de meu filho na escola, recordando as dificuldades que enfrentava quando ele era alérgico a lactose e corantes, e as estratégicas que era preciso criar para dar sumiço às tais lembrancinhas, resolvi nadar contra a corrente. Em vez de mandar um pacote de guloseimas e quinquilharias, dias após a festa, enviei a cada coleguinha uma foto tirada do aniversariante com cada um deles. 

Aquilo sim, para mim, era uma lembrança, não o açúcar que se dissolve na boca, não o brinquedo que se desmancha.  No entanto, vendo que as outras mães continuavam distribuindo seus kits memória, acabei por me sentir um verdadeiro ET que tirava literalmente o doce da boca de uma criança. Receei, agindo assim como um ser de outro planeta, fazer com que meu filho se sinta um diferente, um excluído de nossos usos e costumes. Não pretendo repetir a experiência. Melhor deixar de lado essa bobagem de mudar o mundo. Melhor, mais adiante, a gente se mudar de mundo.”

Vamos então achar nosso planeta. Criar nosso mundinho melhor dia a dia. Aquele com poucos bombons (mas que eles existam). Mundo onde o diferente é bom, onde o novo será julgado com lealdade e se for aprovado, adotado pela maioria. Adorei a ideias  das fotos, e vocês?  Não quero mudar de mundo, a final, já mudei de país e deu muito trabalho na adaptação, mas quero, muito, mudar o mundo, as pequenas coisas que nos cercam de imediatismos e falsas alegrias. 
Vou economizar nos bombons na lembrancinha do aniversário do André, tentar viabilizar as fotos com cada coleguinha e, quem sabe fazer desse mais um dia em que tentei fazer algo melhor.